terça-feira, 6 de maio de 2014

Trabalho Viga Vagão - Centro de Arte e Educação dos Pimentas/Ponte Metro West no Liffey Valley/Pasarón Stadium

Grupo:   Caroline Lima   Giovanna Finco    Jessica Allana    Juliana Guimaraes     Marina Serrone

VIGA VAGÃO

São estruturas que apresentam sistema composto por barras horizontais, montantes e cabos. A maneira com que esses componentes são dispostos faz com que o sistema resista à deformações decorrentes da flexão nas estruturas principais.
A estrutura desse tipo de sistema é ausente de diagonais, isso diferencia a estrutura vagonada de uma treliça. O nome Viga vagão é devido a esse tipo de viga ter sido utilizada como elemento estrutural de sustentação de vagões de trens. Nesse caso o empuxo horizontal que todo cabo aplica aos apoios é absorvido pela própria viga, resultando em apenas cargas verticais nos apoios.
A viga vagão pode ter um ou mais montantes, conforme aumenta o número de montantes, varia a forma do cabo. Com um único montante a forma do cabo é triangular, com dois é um trapézio, tendendo no limite à forma de uma parábola.
O uso desse tipo de estrutura teve início no século XX seguindo os passos da arquitetura high tech da época e até os dias de hoje devido a leveza estética, viabilidade econômica, fácil manuseio, boa rigidez e de boa capacidade mecânica, geralmente são usadas em pontes, fachadas, coberturas e pilares.
Na concepção o materialmais utilizado é o aço devido à flexibilidade e adequação aos esforços envolvidos principalmente nos tirantes.
Concepção

Para conceber a estrutura é necessário definir todos os parâmetros da forma, posicionamento espacial até seu pré-dimensionamento e analisar a viabilidade construtiva estimando os custos.  É importante analisar o tipo de seção transversal, tipo de material estrutural, elemento principal, número de montantes, direção do elemento principal e direção e sentido do montante. Deste modo, este item é dividido em três partes interconectadas: classificação tipológica/estrutural, pré-dimensionamento e metodologia de escolha de parâmetros.
            Atualmente não existe material focado para desenvolver estruturas de vigas vagonadas, portanto, o dimensionamento é realizado baseado nas normas NBR 8800/2008 e NBR 14762/2010 que tratam, respectivamente, da análise e dimensionamento de perfis laminados e formados a frio em aço

Classificação tipológica/estrutural
1. Quanto ao número de montantes
A) triangular;
B) trapezoidal;
C) parabólica.4
2. Quanto à direção do elemento principal:
A) Unidirecional;
B) Bidirecional;
C) Multidirecional.
3. Quanto à direção e o sentido dos montantes:
A)Uma direção
B) Duas direçoes;
C) tres direções;
D) quatro direções.
4. Quanto ao tipo de elemento principal
A) Viga de alma cheia

B) Treliça
Figura 1.5: Ponte Paraíba do Sul, 1857 – São Paulo (fonte: BELLEI e PINHO, 2007).
C)Pilar
Pista de gelo Oxford projetada pelo arquiteto Nicholas Grimshaw, 1984 - Oxford UK - (fonte: http://grimshaw-architects.com/

D) Outros elementos há aplicações de outros tipos de elementos principais em estruturas vagonadas, embora fora do escopo deste trabalho, como lonas tensionadas e vigas Vierendeel (Charleson, 2005).

Pré-dimensionamento

As estruturas vagonadas podem ser pré-dimensionadas através de fórmulas empíricas ou de gráficos. A figura abaixo mostra o pré-dimensionamento de vigas vagonadas em aço com dois montantes segundo Rebello (2007). Para vigas vagonadas com mais montantes pode-se dividir o vão uniformemente, adotar a forma parabólica do tirante e adotar os demais parâmetros conforme a figura.



Alternativamente, pode-se utilizar o gráfico da figura abaixo, onde a altura (h) da viga vagonada em aço é dada, a partir do vão livre em metros, pela curva superior para grandes cargas e pela curva inferior para pequenas cargas. A linha azul na figura abaixo mostra os valores para h=0.055L, que é a média da fórmula empírica dada na figura acima. Estudos na literatura sobre o pré-dimensionamento de treliças ou pilares vagonados ou vagonamento bi ou multidirecional são muito escassos. Nestes casos, pode-se adotar as alturas
(h) dadas em ambas figuras como primeira aproximação. No caso de pilares vagonados, o funcionamento estrutural é semelhante ao de vigas vagonadas porque a flexão resultante a ser combatida é associada a a efeitos de 2ª ordem (flambagem). 


Metodologia de escolha de parâmetros

É muito importante entender o funcionamento estrutural do vagonamento antes de sua
concepção pois vários parâmetros dependem direta ou indiretamente deste raciocínio físico.
A figura abaixo mostra os esforços externos envolvidos em vigas vagonadas. De modo geral, para cargas uniformemente distribuídas, os elementos principais e montantes estão sujeitos à flexo-compressão e os tirantes à tração. A flexão nos montantes pode ser resultante de possíveis excentricidades construtivas ou cargas horizontais.


Os parâmetros mais importantes a serem definidos na concepção são:
 Tipo de vagonamento

a) Número de montantes – é definido a partir de dois fatores: o vão envolvido e as cargas envolvidas. Pode-se dizer que quanto maior o vão e quanto maiores são as cargas maior deve ser o número de montantes.
b) Direção do elemento principal – a definição de vagonamento uni, bi ou multidirecional é função de dois fatores: relação entre vãos e geometria geral. Quando há dois vãos perpendiculares envolvidos de magnitudes semelhantes (a/b<2), o vagonamento bidirecional é o mais indicado. Quando a geometria permite definir mais do que dois vãos principais e este são da mesma ordem de magnitude, o vagonamento multidirecional é o mais indicado (figura 2.2). A maioria das aplicações conduz a vagonamentosunidirecionais . É importante notar que o vagonamento bi ou multidirecional é mais eficiente do que o vagonamento unidirecional no sentido de aproveitamento de material e leveza visual.
c) Direção e sentido dos montantes – é função da direção e sentido das cargas ou de excentricidades ou flambagem na estrutura. Por exemplo, quando a incidência das cargas é somente em uma direção, podendo mudar o sentido, como a ação do vento, o vagonamento deve ter montantes em uma direção e dois sentidos mas quando há somente cargas gravitacionais ou a sucção do vento não é capaz de inverter o sentido as cargas, o vagonamento deve ter montantes em uma direção e um sentido (figura 2.8). Por outro lado, quando a carga é de compressão simples, podendo haver flambagem, o vagonamento deve ter montantes em duas direções e dois sentidos .
d) Tipo de elemento principal – é função do vão, do tipo de esforço e das cargas envolvidas. Para vãos pronunciados e/ou cargas altas é necessário utilizar elementos principais mais eficientes como vigas Vierendeel ou treliças. Quando o esforço principal envolvido é o de compressão os elementos
principais são pilares.

Geometria dos elementos

a) Tipo de seção transversal – é função dos esforços envolvidos. Para os elementos principais e montantes, de acordo com a teoria de distribuição das massas (momento de inércia), geralmente adota-se seções transversais mais eficientes à flexo-compressão como perfis tubulares circulares ou retangulares laminados ou formados à frio, embora perfis I possam ser utilizados dependendo do comprimento de flambagem resultante do travamento lateral dos elementos principais. Para os tirantes podem ser utilizadas quaisquer seções, mas a seção mais utilizada é circular maciça.
 b) Pré-dimensionamento – a definição das dimensões da seção transversal.

Exemplos de Vigas vagão

1.    1)Ponte Metro West no Liffey Valley
           
O escritório ExplorationsArchitecture, de Paris, em conjunto com o escritório inglês BuroHappold, venceu o concurso para o projeto de uma nova ponte ferroviária sobre o Liffey Valley nos arredores de Dublin, na Irlanda. A nova ponte será suspensa e terá um comprimento de 350m e 17m de largura. O objetivo é ligar a região sudoeste de Dublin (Thallagght) ao aeroporto, localizado na região norte. O concurso foi realizado em duas etapas, entre junho e novembro de 2008 e foi organizado pelo RIAI (Royal InstituteoftheArchitectsofIreland). 

“A estrutura foi concebida de forma a minimizar a obstrução visual em relação à perspectiva do vale”, declaram os arquitetos.
Os elementos de suporte são transferidos para a parte inferior da via (deck), permitindo aos passageiros uma visão ampla do vale, sem interrupção.
Veja abaixo algumas informações do projeto, segundo os autores: 

“Trata-se de um projeto inovador, de uma ponte “em suspensão”, com torres e tirantes dispostos de forma discreta. O resultado é um projeto que ao mesmo tempo se destaca como ícone e se mantém sutil, flutuando de forma delicada sobre o Liffey Valley”.
“A paisagem do vale nos inspirou no desenho de uma estrutura que oferecesse o mínimo de impacto visual aos passageiros. Uma estrutura com múltiplos suportes destruiria a visão contínua do vale, e causaria uma impressão egocêntrica, como uma afirmação arquitetônica sobre a natureza, o que seria um desrespeito à beleza da paisagem. A ideia de um projeto marcado por elementos mínimos e pela leveza da estrutura permite uma integração natural entre a ponte e os elementos naturais existentes”.
”A ponte foi projetada como uma estrutura segura, eficiente e sustentável, perfeitamente apropriada para uma infra-estrutura ferroviária dessa magnitude. Os materiais e a tecnologia foram selecionados cuidadosamente, com o objetivo de garantir o mínimo de manutenção”.
“O projeto da ponte, além de permitir a minimização de barreiras visuais tanto na perspectiva dos passageiros quanto daqueles que circulam em torno do vale, oferece ainda um vão livre - sem elementos construídos sobre o vale - de pelo menos 300m de extensão. Esse conceito se integra aos planos para o futuro Liffey Valley Park, que deve passar sob a ponte. A ponte servirá como base para terraços, ‘belvederes’, rampas e elementos urbanos que farão parte do parte e terão um impacto mínimo sobre a paisagem”. 

“A ideia é que tanto os passageiros quanto os pedestres que circulam sobre a ponte tenham uma visão livre da paisagem, com guarda-corpos seguros e ao mesmo tempo desenhados a partir de elementos horizontais discretos, com o mínimo de obstrução visual”.

A mesma equipe de arquitetos e engenheiros também venceu concurso para uma ponte de pedestres na Irlanda, River Soar Bridge, em que desenvolveram conceito semelhante de suspensão e mínimo impacto visual. 
                                               Detalhe do Sistema Estrutural
Esquema tridimensional da estrutura
Ficha Técnica – West Bridge – Dublin

Cliente: Railway Procurement Agency (RPA)
Organizador do Concurso: Royal Institute of Irish Architects
Autores: Explorations Architecture (Paris) + BuroHappold (Londres)
Equipe – BuroHappold: Adam Allegri, James Worth, Ella Barkham, Winfried Meijer, DavoodLiaghat, Simon Fryer, Matthew Crouchman, Anthony Holder
Equipe – Explorations Architecture: Benoît le Thierry d’Ennequin, Yves Pagès, Sylvia Bauer
Orçamento: 50 milhões de Euros
Previsão de construção: 2011-2012
Localização: Metro West Railway Bridge, sobre o Liffey Valley, 9 km a oeste de Dublin – Irlanda.

2) Centro de Arte e Educação dos Pimentas


O Centro de Artes e Educação dos Pimentas localiza-se em Guarulhos, no bairro dos Pimentas (São Paulo, Brasil.
O que mais impressiona nesse projeto é a cobertura metálica continua com 250 metros de comprimento e 30 metros de largura. Ela é leve, permite uma boa ventilação, alem de propiciar grandes vãos, como as quadras e a praça.  
A cobertura funciona com as telhas metálicas de aço tipo painel com isolamento térmico e acústico, apoiadas a cada 6 m em vigas-vagão  com mão-francesa, tendo 20 m de vão e 5 m de balanço em ambos os lados. 
Esse projeto esta em um terreno estreito e comprido, de 30.780 m². Por isso a sua arquitetura térrea e comprida.


                                          Foto da parte interna, cobertura da quadra poliesportiva.
Ficha Técnica
Área do terreno: 30.700 m² 
Área construída: 16.000 m²
Arquitetura: Biselli & Katchborian Arquitetos Associados
Autores: Mario Biselli e Artur Katchborian
Colaboradores: Paulo Roberto dos Santos Barbosa, Luiz Marino Kuller, Cássia Lopes Moral, Cassio Oba Osanai, Camila Bevilacqua de Toledo, Gabriel César e Santos, Ana Carolina Ferreira Mendes, Débora Pinheiro
Estrutura: Edatec - Enio Canavello Barbosa
Construçao: JZ Engenharia
Fornecedores
Concreto: Concreservice e Guarumix U-GLASS T2G
Caixilhos: Atenuasom
Gradil: Metalgrade
Tintas: Suvinil
Piscinas (Impermeabillzaçao/ Revestimento Cerámico/Equipamentos): Campestre Piscinas
Forros de madeira: OB Som
Porta de madeira: OB Som
Piso de madeira: Kok Sport
Forro de gesso: São Oimas
Vidros: Atenuasom
Telhas de PVC: Forte Engenharia
Estruturas metálicas: Forte Engenharia
Telhas metálicas: Forte Engenharia

3) Pasarón Stadium
Lozalizado em  Pontevedra, Espanha, do outro lado do rio Lerez, foi produzido um cenário urbano desordenado com uso misto de habitações e serviços. É um ambiente que exige ações firmes para regenerar o entorno urbano. A renovação do antigo estádio Pasaron tenta liberar espaço no seu perímetro para criar um novas praças urbanas e áreas verdes para a uso da vizinhança e para permitir acesso mais fácil ao estádio.

A arquibancada é o essencial para a proposta. Sua geometria define que todo o conjunto possa abrigar os cerca de 11.000 espectadores. A impossibilidade de promover partidas em qualquer outro local da cidade significava que o trabalho de renovação tinha que coincidir com a utilização habitual do estádio. A intervenção foi realizada em fases, sucessivamente demolindo e reconstruindo as arquibancadas, as coberturas e os serviços existentes de cada um dos lados. O novo recinto tem duas arquibancadas perimetrais sobrepostas, concentrando todos os serviços em um corredor perimetral que pode ser acessado a partir do interior e do exterior do estádio.
A primeira arquibancada voltada para fora é transformada em uma espécie de base, de pedestal, que se abre para a cidade e configura um anel perimetral fornecendo uma clara rota de acesso a todas as outras arquibancadas.
Uma segunda arquibancada parece flutuar acima da anterior. O espaço externo continua para dentro formando uma via com dois níveis. Os serviços planejados estão localizados no perímetro, abertos em direção ao exterior e a arquibancada. Sua existência permite o uso ininterrupto do edifício e do entorno urbano imediato. Eles formam um anel vítreo que adapta a escala do edificio aos seus arredores.

Depois de uma economia de meios, a estrutura do estádio é formada por frames de concreto que repousam sobre uma grande viga-vagão que define o revestimento do edifício e configura uma imagem enfática, com perfurações aleatórias e grandes projeções que cobrem as áreas externas e abrigam as entradas do estádio.
A cobertura translucida permite iluminação interna uniforme e desvanecida.

FICHA TÉCNICA
Arquitetos: ACXT Arquitectos
Localização: Pontevedra
Arquitetos Responsáveis: Jesús Llamazares, Galo Zayas
Equipe De Projeto: Galo Zayas, José Espada, Ismael Ameneiros, José Rodríguez Laiño Daniel Dapena
Estruturas: Mecanismo S.L
Área: 19975.0 m²
Ano: 2012




Bibliografia:













Um comentário: